25 de agosto de 2010

Maus Tratos contra Idosos

Autor: Márcio Borges

Fonte: Portal Cuidar de Idosos

www.cuidardeidosos.com.br

Aposto que muitos cuidadores e familiares estão se perguntando como alguém pode praticar atos que possam resultar em maus tratos para com os idosos! Infelizmente, maus tratos em idosos podem ser mais comuns do que se possa imaginar. E o que é mais dramático: os principais causadores dos maus tratos estão dentro de casa, das instituições asilares ou dos hospitais!

É um dos assuntos mais comentados pelos nossos internautas e o campeão de histórias contadas aqui no portal. Infelizmente!

Maus tratos é todo ato, único ou repetitivo, ou até omissão velada, que pode acontecer com a pessoa idosa, onde ocorre dano ou incômodo. Atualmente, uma das formas mais comuns é o abuso financeiro ao idoso. Explico: é exploração imprópria e ilegal ou uso não consentido de seus recursos financeiros. È o uso ilegal e indevido, apropriação indébita da propriedade e dos bens financeiros, falsificação de documentos jurídicos, negação do direito de acesso e controle dos bens, administração indevida do cartão do segurado do INSS. Um fato muito comum é o empréstimo por consignação que é descontado do benefício do INSS. Muitos avôs e avós são obrigados a fazer empréstimos vultuosos, para seus netos e filhos, comprometendo bastante o orçamento familiar.

O abuso psicológico, a violência psicológica e a violência física são os retratos mais tristes e inaceitáveis de maus tratos na terceira idade. O mais aterrador é que o principal agressor é, na maioria das vezes, um familiar! Mandar calar a boca, gritar e ameaçar são alguns dos exemplos de violência psicológica. Já a violência física pode ser expressada tanto pela agressão propriamente dita, como pelo abuso sexual ou pela violência do marido, também idoso.

O descuido (do verbo descuidar: deixar de cuidar) e a negligência também são formas de maltratar os idosos. É a falta ou o esquecimento em providenciar os cuidados vitais ao idoso dependente, tais como a alimentação, os medicamentos, a higiene, a mordia e a proteção econômica devida. Também envolve situações em que não se permita que outras pessoas providenciem os cuidados devidos aos idosos dependentes.

Onde pode ocorrer os maus tratos?

• Na casa do próprio idoso
• Na casa do cuidador
• Na comunidade em que reside
• Nas instituições de longa permanência
• Nos hospitais

Muitas vezes pode acontecer por um gesto impensado, mas também há casos de de ações premeditadas de agredir sistematicamente o idoso. Algumas outras causas, dentro de casa, que podem gerar os maus tratos:

• Relação desgastada na família
• Cansaço excessivo do cuidador
• incapacidade do cuidador de oferecer cuidado adequado

Nas instituições de longa permanência, os maus tratos ocorrem quando há uma administração deficiente, com capacitação inadequada do pessoal, supervisão de enfermagem deficiente, número insuficiente de pessoal e ILPI isolada, sem participar da associação de classe. Para o nosso familiar e cuidador que está lendo estas dicas, oferecemos algumas dicas para ajudar a evitar que isto aconteça em sua casa:

• Em primeiro lugar, reconhecer que o idoso dependente também é cidadão e tem assegurados todos os seus direitos pelo Estatuto do Idoso.
• Entender que maus tratos existem!
• Aprender a buscar ajudar para melhorar o cuidado, dividindo-o com outras pessoas.
• Sempre refletir diariamente sobre seus atos ao cuidar do idoso dependente, procurando alguma falha que esteja ocorrendo, e que no futuro, possa evoluir para uma situação de maus tratos.
• Denunciar maus tratos, seja em casa ou na comunidade. Leia o artigo ONDE DENUNCIAR MAUS TRATOS EM IDOSOS
• Procurar as redes de apoio existentes em sua cidade ou estado, tipo conselhos municipais de idosos, ouvidoria do município, delegacia ou promotoria.

19 de agosto de 2010

Principal causa da confusão mental no idoso

Arnaldo Lichtenstein, médico*

Sempre que dou aula de clínica médica a estudantes do quarto ano de Medicina, lanço a pergunta:

- Quais as causas que mais fazem o vovô ou a vovó terem confusão mental? *

Alguns arriscam: *"Tumor na cabeça".
Eu digo: "Não".
Outros apostam: "Mal de Alzheimer"
Respondo, novamente: "Não".

A cada negativa a turma se espanta... E fica ainda mais boquiaberta quando enumero os três responsáveis mais comuns:
- diabetes descontrolado;
- infecção urinária;
- a família passou um dia inteiro no shopping, enquanto os idosos ficaram em casa.
Parece brincadeira, mas não é. Constantemente vovô e vovó, sem sentir sede, deixam de tomar líquidos.

Quando falta gente em casa para lembrá-los, desidratam-se com rapidez. A desidratação tende a ser grave e afeta todo o organismo. Pode causar confusão mental abrupta, queda de pressão arterial, aumento dos batimentos cardíacos "batedeira"), angina (dor no peito), coma e até morte.

Insisto: não é brincadeira.
Na melhor idade, que começa aos 60 anos, temos pouco mais de 50% de água no corpo. Isso faz parte do processo natural de envelhecimento. Portanto, os idosos têm menor reserva hídrica.

Mas há outro complicador: mesmo desidratados, eles não sentem vontade de tomar água, pois os seus mecanismos de equilíbrio interno não funcionam muito bem.

Conclusão:
Idosos desidratam-se facilmente não apenas porque possuem reserva hídrica menor, mas também porque percebem menos a falta de água em seu corpo. Mesmo que o idoso seja saudável, fica prejudicado o desempenho das reações químicas e funções de todo o seu organismo.
Por isso, aqui vão dois alertas:

1 - O primeiro é para vovós e vovôs: tornem voluntário o hábito de beber líquidos. Por líquido entenda-se água, sucos, chás, água-de-coco, leite. Sopa, gelatina e frutas ricas em água, como melão, melancia, abacaxi, laranja e tangerina, também funcionam. O importante é, a cada duas horas, botar algum líquido para dentro. Lembrem-se disso!

2 - Meu segundo alerta é para os familiares: ofereçam constantemente líquidos aos idosos. Ao mesmo tempo, fiquem atentos. Ao perceberem que estão rejeitando líquidos e, de um dia para o outro, ficam confusos, irritadiços, fora do ar, atenção. É quase certo que sejam sintomas decorrentes de desidratação.
"Líquido neles e rápido para um serviço médico".
(*) Arnaldo Lichtenstein (46), médico, é clínico-geral do Hospital das Clínicas e professor colaborador do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
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1 de agosto de 2010

Idosos: Digam não à infantilização

Fonte: Site " Cuidar de Idosos"
Autor: Fabiana Leite - O Estado de São Paulo


Especialistas reunidos no 17.º Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, que terminou ontem em Belo Horizonte, defenderam o fim da infantilização e da estigmatização dos idosos como grupo homogêneo, que gosta das mesmas coisas, necessariamente frágil e “bonzinho”, com pouca autonomia.

“O estigma ainda é muito grande. Defende-se que todo o idoso tem de fazer atividade física e viajar. O fato é que às vezes ele não quer fazer, não gosta. É preciso ver as características de cada um”afirmou a coordenadora da área de Saúde do Idoso do Ministério da Saúde, Luíza Maia.

“A mídia também coloca o velho sempre como um pobrezinho, demenciado, bonzinho. Mas há idosos de todos os tipos. Bonzinhos e cafajestes”, diz Luíza, que não vê com simpatia personagens televisivos como o casal de idosos representado pelos atores Cleide Yáconis e Leonardo Vilar na novela global Passione, ambos confusos, isolados em uma mansão, perdidos nas discussões da família. “O idoso é um ser integral, tem de ser o protagonista da própria vida. Quando ele está em uma cadeira de rodas, pode não ter independência, mas sim autonomia.”

Participantes do congresso também criticaram programas públicos que apenas investem em “bailões”, lazer e concursos de beleza, sem ver outras dimensões do envelhecer, como atenção especializada de saúde, renda, educação e habitação. Até 2050, o Brasil deverá ter um terço da população idosa, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“É comum a política dos bailes. E, enquanto isso, não faz nada que diga respeito aos direitos do idoso”, criticou o carioca Alexandre Kalache, que dirigiu o programa de envelhecimento da Organização Mundial da Saúde entre 1994 e 2008 e hoje é consultor para a área da prefeitura de Nova York. Kalache era um dos especialistas que durante o congresso defendia o acúmulo de capital financeiro e de saúde como única forma de envelhecer bem.

“O termo melhor idade é um horror. Melhor idade é a que você tem hoje. É dourar a pílula. É preciso sim se preparar para o envelhecimento e não esperar ter 65 anos para isso; poupar saúde e dinheiro desde a adolescência”, recomenda Kalache, que também se dedica à configuração de cidades “amigas do idosos”. O projeto prevê a escuta de grupos focais de idosos nos centros urbanos para dirigir as políticas públicas em diferentes setores para esse grupo etário. O especialista trabalha para viabilizar o programa em São Paulo.

Criador da primeira disciplina de geriatria no Brasil, o japonês Yukio Moriguchi, de 84 anos, falou de maneira simples sobre o que fazer para que o envelhecimento não tenha só perdas, mas ganhos e compensações. “As coisas melhoraram. Estamos vivendo mais porque temos mais qualidade de vida. Mas ainda falta geriatria preventiva, cuidado, comida, repouso, atividade física, otimismo”, diz. “Os jovens podem ajudar, dando apoio nas dificuldades econômicas. E também quando forem caminhar, levando a avó. Se ela não pode caminhar sozinha, dê o braço para ela.”

Fabiane Leite – extraído: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100801/not_imp588922,0.php